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Milei expõe racha, acusa a vice de estar próxima da esquerda e diz que ela não participa do governo

Em entrevista, presidente da Argentina afirma que Victoria Villarruel "não tem nenhuma ingerência na tomada de decisões" de governo. A política vem de uma f...

Milei expõe racha, acusa a vice de estar próxima da esquerda e diz que ela não participa do governo
Milei expõe racha, acusa a vice de estar próxima da esquerda e diz que ela não participa do governo (Foto: Reprodução)

Em entrevista, presidente da Argentina afirma que Victoria Villarruel "não tem nenhuma ingerência na tomada de decisões" de governo. A política vem de uma família de militares e é considerada 'negacionista' dos crimes da ditadura do país. Javier Milei e Victoria Villarruel em agosto de 2023 Agustin Marcarian/Reuters O presidente argentino, Javier Milei, disse em entrevista a um jornal que sua vice-presidente, Victoria Villarruel, "não tem nenhuma ingerência na tomada de decisões" de governo e que ela não participa de reuniões de gabinete. Ao expor o racha com sua colega de chapa, Milei acusou Villarruel de estar "próxima do círculo vermelho", como ele chama os supostos adversários de esquerda, e da "casta", palavra que ele usa ao se referir a nomes mais antigos na política do país. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Villarruel, de 49 anos, tem como origem uma família formada por militares argentinos e defende que a ditadura militar no país, que durou entre 1976 e 1983, foi uma "guerra" contra o comunismo — a tese é contestada por historiadores sérios. Em entrevista ao "La Nación" na quinta-feira (21), Milei afirma que sua relação com a vice é "meramente institucional" e que o contato que eles mantêm "é o necessário para cumprir nossas funções". Na Argentina, a vice-presidente do país acumula o cargo de presidente do Senado. O papel é considerado importante para a Casa Rosada, já que Milei não possui maioria em nenhuma das duas casas do Congresso. Lula é caloroso com Biden, Macron, Meloni e Xi Jinping, e frio com Milei Milei tem como seu braço-direito a irmã, Karina, que ocupa o cargo de secretária de governo da sua gestão. Sinais velados de ruptura entre presidente e vice já vinham sendo noticiados pela imprensa do país. Em julho, Villarruel defendeu jogadores argentinos que foram gravados entoando cânticos racistas sobre a origem africana de jogadores da seleção francesa de futebol. Suas declarações foram respondidas por autoridades francesas, e Karina Milei pediu desculpas em nome do governo. 'Negacionista' da ditadura militar argentina Victoria Villarruel é filha do tenente-coronel do Exército Eduardo Villarruel, veterano da Guerra das Malvinas, contra o Reino Unido, em 1982. Aproximadamente 650 argentinos e 255 britânicos morreram. O Reino Unido saiu vencedor e hoje controla as chamadas Ilhas Falkland. Além do pai integrante do Exército, o avô de Villarruel é o contra-almirante Laurio Hedelvio Destéfani, da Marinha. Villarruel é fundadora e presidente da associação civil Centro de Estudos Legais sobre o Terrorismo e suas Vítimas (da sigla em espanhol CELTYV), que equipara os crimes praticados pelos governos militares durante a ditadura argentina com ações de grupos armados contrários ao regime. Em setembro, a então candidata comandou uma homenagem ao que chamou no evento de "outras vítimas" do terrorismo promovido por organizações guerrilheiras antes do golpe militar de 1976. Como escreveu no g1 a colunista Sandra Cohen, grupos de direitos humanos da Argentina qualificam Villarruel de "negacionista" dos crimes protagonizados pela ditadura que vigorou no país até 1983 e deixou mais de 30 mil vítimas. No país, há historicamente manifestações com o nome Nunca Más (Nunca mais, em português), para relembrar os crimes cometidos pela ditadura e homenagear as vítimas do regime autoritário. O Dia Nacional da Memória pela Verdade e Justiça é realizado em 24 de março, aniversário do golpe de Estado de 1976. A posição da nova vice-presidente vai contra mais de mil condenações judiciais por crime contra a Humanidade impostas a militares do período da ditadura. Durante a campanha de Milei, Villarruel disse que tinha planos de lançar uma auditoria para reverter as indenizações pagas pelo Estado argentino às vítimas da ditadura militar. "É hora de reivindicar aqueles que lutaram contra os grupos terroristas que tentaram instalar o comunismo na Argentina e que hoje estão presos injustamente por uma Justiça enviesada e manipulada pela esquerda”, disse Villarruel, em um evento em setembro de 2023.