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O que se sabe sobre a explosão de pagers do Hezbollah e como isso pode influenciar o conflito no Oriente Médio

Detonação de equipamentos eletrônicos usados pelo grupo extremista deixou nove mortos e quase 3 mil feridos. Incidente aumentou a tensão para uma escalada d...

O que se sabe sobre a explosão de pagers do Hezbollah e como isso pode influenciar o conflito no Oriente Médio
O que se sabe sobre a explosão de pagers do Hezbollah e como isso pode influenciar o conflito no Oriente Médio (Foto: Reprodução)

Detonação de equipamentos eletrônicos usados pelo grupo extremista deixou nove mortos e quase 3 mil feridos. Incidente aumentou a tensão para uma escalada do conflito na região. Centenas de integrantes do Hezbollah ficam feridos no Líbano com explosão de pagers A explosão coordenada de pagers usados pelo Hezbollah pode representar um novo episódio no conflito no Oriente Médio. O incidente provocou a morte de nove pessoas, deixando quase 3 mil feridos, na terça-feira (17). ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp SANDRA COHEN: Explosões coordenadas em pagers surpreendem e abalam o Hezbollah O grupo extremista e o governo do Líbano responsabilizaram Israel pelo ataque. Até a última atualização desta reportagem, o governo israelense não havia se pronunciado. Veja o contexto: O Hezbollah é uma organização com atuação política no Líbano que possui um braço armado. O grupo é aliado do Irã e do Hamas, sendo considerado terrorista por Israel e pelos Estados Unidos. Desde 7 de outubro de 2023, quando o Hamas invadiu Israel e provocou uma guerra no Oriente Médio, o Hezbollah vem atacando o território israelense em apoio e solidariedade ao grupo terrorista. Como resposta, Israel tem bombardeado estruturas do Hezbollah no Líbano. Em julho, um ataque matou Fuad Shukr, um dos comandantes do grupo extremista, o que gerou uma promessa de vingança. No fim de agosto, o Hezbollah lançou uma grande ofensiva contra Israel, fazendo o país declarar emergência. Para evitar uma ação maior, os israelenses fizeram bombardeios "preventivos" no Líbano. Uriã Fancelli, mestre em relações internacionais pelas universidades de Estrasburgo e Groningen, ressalta que o episódio de terça-feira não é um incidente isolado. Para ele, existe o receio de que Israel encontre uma justificativa para entrar em um confronto direto com o Hezbollah, escalando o conflito. Veja a análise completa ao longo da reportagem. "O que temos observado nos últimos dias é uma crescente preocupação dos EUA de que Israel esteja disposto a entrar em um conflito mais amplo", diz o professor. Nesta reportagem você vai ver: Como o ataque aconteceu O que provocou as explosões Por que o Hezbollah estava usando pagers Quem foi o responsável pelo ataque Análise do que pode acontecer no futuro Para navegar pela reportagem, clique no menu acima ou desça a página. 1. O que aconteceu? Pagers usados pelo Hezbollah explodiram, em 17 de setembro de 2024 Reuters A onda de explosões durou cerca de uma hora e começou por volta das 15h45 de terça-feira, pelo horário local (9h45, em Brasília). Entre os mais de 2.700 feridos, cerca de 400 foram socorridos em estado crítico. A Cruz Vermelha Libanesa afirmou que mais de 50 ambulâncias e 300 equipes médicas de emergência foram enviadas para ajudar no socorro às vítimas. Testemunhas informaram que várias pessoas sofreram ferimentos na cabeça, nas mãos ou na região da cintura. O governo libanês pediu que todos os cidadãos que possuem pagers joguem os dispositivos fora imediatamente, segundo a agência de notícias estatal iraniana Irna. Voltar ao início. 2. O que provocou as explosões? Homem mostra como ficou pager após explosão Telegram/Reprodução Segundo o jornal "The New York Times", autoridades informaram que Israel conseguiu alterar um lote de pagers produzidos em Taiwan e encomendados pelo Hezbollah. Os pagers envolvidos em explosões, no entanto, foram fabricados por uma empresa sediada em Budapeste, informou a empresa taiwanesa Gold Apollo. As autoridades informaram que uma carga explosiva com menos de 50 gramas foi colocada próxima à bateria de cada pager, junto a um interruptor. Com isso, os pagers puderam ser detonados remotamente. Por volta das 15h30, pelo horário local (9h30, em Brasília), os equipamentos receberam uma mensagem que parecia ter vindo da liderança do Hezbollah, de acordo com o jornal. Isso pode ter induzido os usuários a se aproximarem ou manusearem os equipamentos. A mensagem "falsa", no entanto, ativou os explosivos. Voltar ao início. 3. Por que o Hezbollah usa pagers? O Hezbollah resolveu comprar pagers para evitar o rastreamento de GPS e informações pela inteligência de Israel. Com isso, o uso de smartphones e celulares foi suspenso entre membros do grupo. O The New York Times informou que o Hezbollah encomendou mais de 3 mil pagers da Gold Apollo. A empresa informou nesta quarta-feira (18) que os aparelhos usados pelos integrantes do Hezbollah não foram produzidos por ela, mas por uma fábrica licenciada pela marca chamada BAC. "O produto não era nosso. Apenas tinha nossa marca," disse o fundador e presidente da Gold Apollo, Hsu Ching-Kuang, segundo a Reuters. Ele chegou a dizer que a empresa licenciada ficava na Europa, mas depois se recusou a comentar sobre a localização. O presidente da Gold Apollo afirmou também não saber como os pagers podem ter sido preparados para explodir. Segundo ele, a Gold Apollo também foi uma vítima do incidente. "Podemos não ser uma grande empresa, mas somos uma empresa responsável," disse. "Isso é muito embaraçoso." Os pagers foram um meio de comunicação móvel desenvolvido nas décadas de 1950 e 1960 que se popularizou durante as décadas de 1980 e 1990, antes do crescimento do uso de celulares. No Brasil, eles ficaram conhecidos como "bipes". Para se comunicar com alguém, a pessoa precisava ligar para uma central telefônica e informar a um atendente para qual número ela gostaria de enviar uma mensagem — o conteúdo deveria ser curto. Voltar ao início. 4. Quem foi o responsável pelo ataque? O Hezbollah e o Irã culpam Israel pelo ataque. Entretanto, até a publicação desta reportagem ninguém havia assumido a autoria. O governo de Israel também não comentou as acusações. O jornal "The New York Times", no entanto, disse que autoridades que foram informadas da operação, incluindo um oficial norte-americano, relataram que Israel está por trás do ataque. Voltar ao início. 5. O que pode acontecer agora? Soldados do Hezbollah com um lançador de foguetes Katyusha em foto de abril de 1996 Mohammed Zaatari/AP O Hezbollah prometeu punir Israel pelas explosões dos pagers. No entanto, o grupo pode enfrentar dificuldades para trocar informações nos próximos dias, já que estava centralizando a comunicação pelos equipamentos. Para o professor Uriã Fancelli, a promessa de retaliação feita pelo Hezbollah levanta preocupações sobre um confronto direto do grupo extremista com Israel. Ele analisa que também há um contexto político envolvendo o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. "Há o fator da sobrevivência política de Netanyahu, que tem fracassado em resgatar os reféns, demonstrando que sua prioridade não é trazer essas pessoas de volta, mas sim aniquilar o Hamas. Até mesmo os aliados israelenses, como os Estados Unidos, estão preocupados", afirmou. O professor também elencou outros fatores, como as mortes de comandantes do Hezbollah em ataques israelenses. Além disso, o governo de Israel defende que só poderá levar civis de volta ao norte do país, na região de fronteira com o Líbano, por meio de uma ação militar. O retorno de moradores à região se tornou oficialmente um dos objetivos da guerra. "Ou seja, esses sinais indicam que Israel pode estar se preparando para algo mais agressivo e bastante arriscado." "As respostas ao ataque dos pagers, tanto do Irã quanto do próprio Hezbollah, precisarão ser cuidadosamente calculadas para não fornecer a Israel o pretexto necessário para iniciar oficialmente uma nova frente de conflito", disse Fancelli. A ONU alertou para uma "escalada extremamente preocupante" e pediu para que as partes evitem qualquer ação que possa piorar o conflito no Oriente Médio. Voltar ao início. VÍDEOS: mais assistidos do g1